O Verdadeiro Amor: O Equilíbrio que Tudo Sustenta
- Wanderlei Bohnstedt

- 3 de nov.
- 3 min de leitura

Introdução
Falamos muito sobre o amor como se fosse apenas um sentimento elevado — doce, acolhedor, terno e seguro. Mas e se o amor também fosse tudo aquilo que evitamos sentir?E se ele também vivesse nos opostos, nas dores, nos desafios e nas contradições que tentamos rejeitar?
Este texto é um convite para olhar o amor com novos olhos — não como algo que vem e vai, mas como a própria força que sustenta toda a vida, em todas as suas formas.
O Verdadeiro Amor
O verdadeiro amor não é apenas bom, gentil, doce e positivo. O verdadeiro amor é bom e mesquinho, gentil e cruel, positivo e negativo, apoiador e desafiador, pacífico e guerreiro, cooperativo e competitivo.
Essas palavras podem causar desconforto à primeira vista, pois fomos ensinados a buscar apenas o lado “luz” do amor — aquele que acolhe, protege e conforta. Mas o amor não é uma emoção seletiva. Ele não escolhe lados. O amor é a totalidade da vida em movimento, expressando-se através de todas as polaridades que existem.
Quando resistimos a um dos polos — rejeitando o conflito, a dor ou a frustração — nos afastamos da plenitude do amor. Começamos a viver fragmentados, acreditando que o amor verdadeiro existe apenas quando tudo está bem, quando o outro nos entende, quando o mundo coopera com nossos planos.
Mas o amor não se limita a momentos agradáveis; ele está presente também nas rupturas que nos empurram para crescer, nas dores que abrem nossos olhos, e até nos silêncios que nos obrigam a ouvir o que evitávamos sentir.
O Amor como Tecido da Existência
O amor é o tecido invisível que costura o aparente caos da existência. Ele está nas ondas do mar que avançam e recuam, no pulsar do coração que contrai e expande, no dia e na noite que se alternam em perfeito equilíbrio.
Tudo o que existe vive nesse compasso entre opostos complementares. E nós, seres humanos, somos convidados a participar conscientemente desse mesmo ritmo.
Amar verdadeiramente é aceitar o paradoxo. É perceber que a raiva pode conter cuidado, que o desapego pode ser uma forma mais pura de presença, que a dor pode revelar camadas mais profundas de ternura.
É entender que a vida não erra ao nos desafiar — ela nos educa com precisão.
O Amor em Todas as Direções
Quando ampliamos nossa percepção e deixamos de dividir o amor entre “bom” e “mau”, descobrimos algo libertador: estamos cercados de amor vinte e quatro horas por dia.
Ele está na mão que acaricia e na que empurra, no abraço que acolhe e na distância que ensina, no nascimento e também na morte.
O amor é o fluxo que sustenta todas as experiências, mesmo aquelas que o ego julga como injustas ou dolorosas.
O verdadeiro amor não pede que escolhamos um lado — ele nos convida a integrar ambos. E quando finalmente o fazemos, algo profundo se transforma:deixamos de buscar o amor fora e começamos a reconhecê-lo em tudo o que é.
A vida inteira se torna um ato de amor em constante equilíbrio —entre a luz e a sombra, entre o sim e o não, entre o que acolhe e o que rompe.
E nesse ponto de integração silenciosa, percebemos que nunca estivemos sem amor… apenas distraídos demais para vê-lo em sua totalidade.
O amor não veio para confortar. Veio para despertar. Veio para despir, quebrar, curar, incendiar.
O amor é a força que te rasga apenas para te lembrar que nada em você está fora do divino.
Quando você para de fugir da dualidade,
o amor deixa de ser uma busca —e se torna o próprio chão onde você caminha.

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